A advogada Viviane Batalha, que se identifica como indígena da etnia Kokama e representa os policiais militares acusados de estupro contra uma mulher da mesma etnia em Santo Antônio do Içá (a 880 km de Manaus), apresentou uma versão completamente diferente dos fatos. Segundo ela, a vítima estaria inventando a história do estupro durante a custódia na delegacia do município como forma de vingança.
A defesa nega categoricamente a alegação de que a indígena teria dado à luz sozinha na cela, sem assistência. “O bebê nunca ficou detido com ela”, declarou a advogada, que afirma trabalhar na própria delegacia onde os supostos crimes ocorreram. A advogada descreveu a acusadora como uma mulher que mantinha relações sexuais constantes com seu companheiro, dentro da unidade policial, aproveitando-se das falhas de segurança do local.
A estrutura precária da delegacia foi apontada pela defesa como fator que facilitaria irregularidades. Com poucos agentes, controle insuficiente sobre os presos e livre circulação de pessoas não autorizadas, o local permitiria inclusive a entrada de drogas. A advogada ressaltou que já havia sido solicitada a transferência da indígena, que é condenada, para para unidade adequada, já que a delegacia deveria abrigar apenas detentos em caráter provisório.
Questionando a credibilidade da acusadora, Batalha mencionou que a mulher é investigada pelo assassinato de uma adolescente em Manaus e alegadamente se declara integrante de facção criminosa. Sobre o laudo do Ministério Público, classificou-o como inconclusivo e cheio de inconsistências.
Enquanto a defesa prepara seu caso, quatro policiais militares e um guarda municipal já foram presos no último sábado (26) sob suspeita dos crimes sexuais. Dois outros PMs devem se apresentar às autoridades em breve.