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‘Abraçados com um tir0 na cara, cada’, diz presidente comunitário sobre irmãos do AM m0rt0s no RJ

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Erivelton Vidal Correa, presidente da associação comunitária de Parque Proletário, corroborou os relatos de residentes e familiares acerca de indícios de tortura e execuções sumárias durante a ação policial de terça-feira (28), destinada a combater o narcotráfico nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Entre os mortos, encontravam-se dois irmãos naturais de Manaus. “Eles foram mortos abraçados com um tiro na cara cada um e tiveram as digitais cortadas”, disse.

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De acordo com informações da Agência Brasil, que visitou o local e colheu depoimentos de testemunhas que tentaram prestar os primeiros socorros ou auxiliaram no translado dos cadáveres, o balanço oficial do governo estadual registra ao menos 119 vítimas, entre elas, seis amazonenses.

Correa, que acumula 11 anos à frente da associação da Penha, afirmou nunca ter testemunhado uma cena de tamanha brutalidade. “Foi uma arbitrariedade muito grande. A gente sabe que o Estado tem que trabalhar, mas trabalhar direito, o que aconteceu aqui foi um genocídio, uma carnificina”, declarou. “Eu não estou aqui para falar das escolhas de vida de cada um. Não estou aqui para falar nem mal, nem bem, da polícia ou do tráfico. Agora, todos os corpos que nós pegamos ali, antes, eles estavam vivos nas mãos deles [da polícia]. Eles podiam prender, mas não, mataram e largaram no mato”.

O líder comunitário destacou que, entre os falecidos, há tanto suspeitos de envolvimento com o tráfico quanto moradores locais. “São pessoas daquela região, que a gente chama de ‘lá de trás’ e que criavam cavalos. Eles vão no mato buscar comida para os animais. Então, infelizmente, estavam no momento errado, na hora errada e sofreram perdendo a vida”, denunciou. “Esperamos que isso seja esclarecido”, acrescentou. O Instituto Médico Legal (IML) já liberou os primeiros corpos para sepultamento.

Questionado sobre a possível motivação para a polícia ter abandonado os corpos no local e obstruído o socorro, Vidal acredita que a intenção foi evitar a geração de provas. “Se levassem para o hospital ou chamado a delegacia, ia comprovar o genocídio”.

“A gente ouviu os gritos e pedidos de socorro e subiu para ajudar. Eu moro perto. Entrei na mata 3h da manhã”, contou um morador. O homem, de 25 anos, que preferiu não se identificar, contou que, naquele momento, a polícia ainda estava no local e tentou impedir a ajuda. Vidal lembrou ainda que muitos corpos estavam deformados, com perfurações no rosto, esfaqueados, sem digitais e que houve decapitados. O episódio consolida-se como a operação de maior letalidade já ocorrida na capital fluminense.

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