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Secretário de Saúde destaca lições e marcas que a Covid-19 deixa para a rede de saúde do Amazonas

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Há exatamente um ano, em 13 de março de 2020, o Amazonas confirmava o primeiro caso de Covid-19. A extensa e árdua batalha pela vida vem sendo conduzida por muitas mãos, entre elas, a do secretário estadual de Saúde, Marcellus Campêlo.

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Com uma operação que se igualava a logística de guerra, o Amazonas colocou em prática o primeiro Plano de Contingência Estadual no dia 12 de fevereiro de 2020, antes mesmo do primeiro caso confirmado no Brasil.

Passado um ano, a rede pública de assistência avançou 331% em leitos para Covid-19 na capital e 340% no interior do estado.

Foto: Diego Peres/Secom, Tiago Corrêa/UGPE e Divulgação/SES-AM

Mais que estatísticas, os avanços foram possíveis graças às pessoas. E por elas, o secretário veste um colete com o símbolo do Sistema Único de Saúde (SUS) estampado no peito, ao lado da marca de um dos grandes programas implementados pelo Governo do Estado: o Saúde Amazonas.

Em entrevista à Agência Amazonas, Campêlo defende a união entre as esferas Federal, Estadual e Municipal e conta com exclusividade sobre como é estar à frente da pandemia no maior estado do Brasil.

Confira a entrevista completa:

AGÊNCIA AMAZONAS: Secretário, em quase um ano de pandemia, o Governo do Estado empreendeu um grande esforço para reorganizar a rede de saúde por meio do programa Saúde Amazonas. Isso permitiu resultados mais rápidos?

MARCELLUS CAMPÊLO: Quando assumimos a gestão da Secretaria, encontramos uma rede com muitas oportunidades de melhoria. Percebemos que existia ali uma equipe de servidores que conhecia os problemas da saúde há muitas décadas, mas que conhecia também as soluções.

O trabalho da reorganização visava colocar as pessoas certas nos lugares certos, conforme determinação do governador Wilson Lima. Procuramos conhecer os perfis dos servidores, dar voz a eles, tirar da gaveta os projetos que já existiam há muito tempo para que finalmente pudessem ser executados. Então os próprios servidores indicaram as soluções para os problemas históricos que a saúde vinha enfrentando.

A reorganização de rede que fizemos nos últimos seis meses proporcionou que, no momento de pico da pandemia que estamos enfrentando, pudéssemos dar uma assistência melhor, mais rápida à população.

AA: Quais foram as estratégias adotadas por meio do Programa Saúde Amazonas?

MC: O programa começou a ser construído em um grande ‘brainstorming’ das necessidades da rede como um todo, tanto da capital quanto do interior. Eu já aprendi que existe um sistema muito amplo e complexo de gestão que precisa ser considerado. Por exemplo, a participação do Governo Federal e das prefeituras. E há outros atores também muito importantes, como os órgãos de controle, por exemplo.

Uma das estratégias para a construção do “Saúde Amazonas” foi também ouvir todos esses atores, entender quais são os problemas históricos e então construir grandes ações. O programa “Saúde Amazonas” tem mais de 200 projetos propostos por essa equipe multidisciplinar. Todos foram de alguma forma ouvidos para a construção desse grande programa que pretende modernizar e reestruturar a saúde no estado.

AA: É claro que o foco, hoje, é salvar vidas. Mas podemos dizer que ficará um legado para o Amazonas em termos de infraestrutura hospitalar?

MC: Encontramos a rede com carência de infraestrutura do ponto de vista físico. Eu vim da Infraestrutura, então onde eu passo, eu tenho um olhar mais apurado em relação à infraestrutura da rede. Para você ter uma ideia, o Hospital João Lúcio não passava por uma reforma há 12 anos. Nós conseguimos recursos para reformá-lo.

Dentro do programa Saúde Amazonas, um dos focos é a revitalização da rede de saúde. Para isso, criamos um núcleo de modernização da infraestrutura, com engenheiros, técnicos e servidores da saúde que estão percorrendo todas as unidades, levantando necessidades, principalmente daquelas que servirão de apoio para os polos e subpolos no interior do Amazonas. Além disso, trabalhamos com a modernização da rede de saúde na capital.
AA: Em uma guerra em que o inimigo é tão veloz, como é a Covid-19, como se antecipar para proteger a população, sobretudo no interior?

MC: O interior do Amazonas sempre foi um desafio logístico, não somente para saúde, mas para todas as áreas. Vivemos no meio da Floresta Amazônica, e dentro de uma floresta que está 97% preservada.

Na saúde, o grande desafio é, com a descentralização e a parceria dos municípios, manter um padrão de qualidade e, principalmente, dotar o interior do Amazonas de serviços de média e alta complexidade para que a população mais afastada não tenha que vir a Manaus todos os anos em busca de atendimento.

O programa Saúde Amazonas tem uma grande ação estratégica chamada Saúde nas Calhas, em que vamos fortalecer os polos e subpolos dos municípios. Nós vamos evitar que, todos os anos, em média 1 milhão de pessoas tenham que se deslocar até a capital em busca de tratamento.

AA: Com a chegada da vacina, o Estado trabalhou de maneira ágil para distribuir os imunizantes para a população. Somos os líderes em vacinação. Mas, ainda assim, as pessoas devem continuar atentas às medidas de prevenção?

MC: O mundo todo fez um grande esforço para a criação de uma vacina no tempo recorde. Nós estamos conseguindo, com o apoio do Governo Federal e a articulação com os municípios, ser muito rápidos na vacinação.

Mas a vacina ainda, infelizmente, não é a solução para a pandemia de uma forma comprovada. Com o que nós conhecemos do vírus, as mutações, ainda não se tem a certeza da eficácia e da eficiência.

Então é muito importante a população entender que o uso de máscaras, as medidas sanitárias de higienização das mãos, o distanciamento social e, principalmente, evitar as aglomerações, ainda são o melhor remédio para você não se contaminar. E não se contaminar é a única forma de garantir que você não tenha a possibilidade de precisar de uma internação, de um leito clínico de UTI ou mesmo ir a óbito.

AA: São muitas as palavras para definir o atual momento. Entre as que se destacam, podemos citar “desafio”? Isto define aqueles que estão nesta missão à frente da Saúde do Amazonas?

MC: A palavra desafio é realmente uma palavra que expressa muito a complexidade que é gerir o sistema de saúde do Estado do Amazonas, porém, para mim, particularmente, está sendo um grande aprendizado.

O sistema de saúde é algo completamente diferente de tudo o que eu já experimentei como gestor em outras áreas.

Na infraestrutura, a gente segue um certo ritual, uma receita de bolo para executar os projetos e os programas. Na saúde, há muita diversidade de fatores.

Por exemplo, uma coisa é conversar com os profissionais da área de ortopedia e outra coisa é você conversar com quem é da neurologia. As necessidades são diferentes, o público é diferente. Os pacientes precisam de uma gama diversa de meios para que a saúde tenha que ser provida.

AA: Hoje já é possível falarmos em heróis da pandemia. São pessoas que lutaram muito e até perderam a vida para salvar outras, como a doutora Rosemary Costa, que se destacou orientando a população sobre os cuidados contra a Covid. Como é ter que continuar na linha de frente e lidar com estas perdas?

MC: A pandemia se tornou uma guerra contra um inimigo invisível, que é o vírus. Em uma guerra, há perdas e, infelizmente, nós tivemos perdas na saúde. A Dra. Rosemary Pinto, que era presidente da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM), foi uma grande amiga.

Antes de ir para a Saúde, eu era um grande fã dela. Quando eu vim para a Saúde, encontrei uma mulher que sempre estava preocupada com o coletivo. Nunca vi a Rose chegar comigo e pedir algo pessoal. Lembro muito bem do momento em que ela chegou no meu gabinete para me alertar de que nós precisávamos organizar a rede de assistência para um novo momento da pandemia. Esse alerta fez com que nós fizéssemos o Plano de Contingência.
Estamos buscando uma forma de homenagear esses soldados da pandemia e todas aquelas mais de 10 mil vidas que se foram no estado do Amazonas. E também temos que valorizar aqueles que estão aqui trabalhando. Na saúde, são mais de 20 mil servidores.

AA: No combate à pandemia até aqui, o que mais ficou marcado na sua mente?

MC: O que fica marcado para mim é poder encontrar, todos os dias, com uma equipe dedicada e compromissada, a qual tenho certeza que já compreendeu que este momento é uma oportunidade que temos para reorganizar tudo.

Eu nunca vi uma equipe tão comprometida de servidores públicos como na saúde.

É muito importante isso ser ressaltado porque são os servidores que estão construindo essa nova saúde no Amazonas, e eu tenho o prazer de trabalhar com eles.

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