Mais um ano está chegando ao fim e o sonho de BR-319 asfaltada não passa de um pesadelo. Nesta sexta-feira (13), imagens mostram uma ponte caindo no KM-345 sentido Manaus Porto Velho, e a fila de caminhões sem poder passar com suas mercadorias.
Nas imagens é possível ver o trecho de barro e a ponte de madeira prestes a desabar, sem nenhuma intervenção de reparos no local. O vídeo gravado por um caminhoneiro causou revolta nas redes sociais, pois comprova o isolamento do Amazonas por terra com o restante do Brasil.
“E os políticos? Bom… eles estão de avião. Desconhecem essa realidade. Bora trabalhar meu povo, porque logo logo teremos que pagar o IPVA (e os políticos esfregam as mãos ansiosos aguardando por esse dinheiro fácil e rápido)”, desabafa um professor.
Os governos Bolsonaro e Lula chegaram a anunciar que vão asfaltar a BR-319, mas até agora tudo ficou no campo das promessas.
Os transtornos causados pela falta de trafegabilidade na BR-319, somada à estiagem severa e à inexistência de prazos definidos para a reconstrução das duas pontes que colapsaram há dois anos, tornaram ainda mais difícil a vida do amazonense nos últimos dias.
Filas quilométricas formadas por caminhões e carros de passeio, além da perda de mercadorias perecíveis reforçaram a indignação da população, principalmente dos moradores da área metropolitana de Manaus, que tem na rodovia uma via de trânsito.
Uma decisão do desembargador do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, Flávio Jardim, suspendeu a decisão da 7ª Vara Federal Ambiental e Agrária do Amazonas que havia anulado o avanço das obras na BR-319. Em sua decisão, Jardim determinou que as medidas de proteção ambiental sejam rigorosamente seguidas e que haja monitoramento contínuo das atividades.
O desembargador destacou ainda a importância social da obra. “A continuidade das obras é essencial para a promoção do desenvolvimento regional. É possível conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental”, declarou o desembargador.
DNIT E GOVERNO FEDERAL
De acordo com o ministro dos Transportes, Renan Filho, há espaço para a realização do projeto com sustentabilidade Porém ele não dá prazos e datas.
“Será uma rodovia com cercamento em áreas de floresta, com passagem de fauna subterrânea e aérea. O estudo que tornamos público envolveu uma escuta ampla. Ouvimos o Ministério do Meio Ambiente e outros ministérios e órgãos envolvidos, ouvimos a sociedade, tivemos audiências públicas na região amazônica e chegamos à conclusão de que este caminho é possível. No passado, a estrada já foi parcialmente asfaltada, mas houve involução com a falta de cuidados. Agora temos licenciamento para parte da obra e estamos esperando a licença para o restante”, disse.
O debate em torno da recuperação e pavimentação da BR-319/AM se estende há duas décadas. No relatório, o grupo de trabalho considera que os trechos sem pavimentação trazem condições precárias de infraestrutura, falta de segurança e altos custos de manutenção. Destaca, ainda, que a pouca acessibilidade e, consequentemente, a menor presença do Estado, reforçam a criminalidade e o desmatamento.
“O ministério reconhece a complexidade deste empreendimento, mas reafirma a responsabilidade em conciliar infraestrutura e sustentabilidade. Assim, ao darmos publicidade ao documento, dotamos de transparência todo o processo decisório, mantendo em vista as medidas necessárias à proteção socioambiental”, falou o subsecretário de Sustentabilidade da pasta, Cloves Benevides.
Veja o vídeo da ponte que está caindo: