Uma megaoperação realizada nesta terça-feira (28) nos complexos da Penha e do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, resultou na morte de mais de 100 pessoas e deixou 11 feridas, de acordo com levantamento do Instituto Fogo Cruzado. O número de óbitos em um único dia supera o total acumulado entre 1º e 27 de outubro, quando 63 pessoas foram vítimas de disparos em toda a região metropolitana.
Registros em vídeo obtidos pelo instituto mostram ao menos 54 corpos de vítimas no Complexo da Penha. Os cadáveres foram recolhidos por moradores e transportados para a Praça São Lucas durante a madrugada. Na manhã desta quarta-feira (29), a polícia informou que houve mais de 100 mortos.
Segundo relatos de residentes, os corpos estavam dispersos na vegetação da Serra da Misericórdia, local por onde o grupo criminoso teria tentado escapar da investida policial. O coronel da Polícia Militar, Marcelo de Menezes, confirmou que esses corpos adicionais não foram incluídos na contagem oficial.
A ação, deflagrada pelas polícias Civil e Militar com apoio do Ministério Público fluminense, teve como objetivo o enfrentamento a lideranças do Comando Vermelho (CV) e o combate ao tráfico de drogas nas duas localidades. O confronto terminou com quatro agentes de segurança mortos e oito feridos, além de três vítimas de balas perdidas – um homem em situação de rua, uma mulher atingida dentro de uma academia e outro homem baleado em um ferro-velho.
O Fogo Cruzado classificou o episódio como a maior chacina policial da história do Rio, superando as operações do Jacarezinho (2021), com 28 mortos, e da Vila Cruzeiro (2022), com 24 óbitos, ambas ocorridas durante a gestão do governador Cláudio Castro (PL).
Em nota, o instituto afirmou: “As polícias do Rio iniciaram o dia com a Operação Contenção e o resultado foi uma parcela significativa da população exposta a troca de tiros e uma cidade completamente paralisada”. E acrescentou: “A ação pode servir como propaganda governamental, mas ficará registrada como mais um insucesso, representante da falta de uma política de segurança pública eficaz”.
Com este episódio, 2025 acumula 799 tiroteios em operações policiais na Grande Rio, com 745 pessoas atingidas por projéteis, sendo que 353 faleceram e 392 sobreviveram com ferimentos. Entre os profissionais de segurança, o ano registra 126 baleados, sendo 60 mortos e 66 feridos, a maioria integrantes da Polícia Militar.
