Bruna Araújo de Souza, de 30 anos, é a terceira vítima da bebida misturada com etanol no Brasil. Ela morreu em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, após ser internada com suspeita de intoxicação.
A jovem havia sido hospitalizada no fim de setembro, depois de consumir uma mistura de vodka com suco adulterada em um show de pagode. Durante os dias que antecederam sua internação, Bruna registrou em mensagens de voz à amiga a evolução de seu quadro.
“Estou destruída. Destruída. Parece que tomei a cachaça desse mundo todinho”, disse em áudios enviados na manhã seguinte ao consumo. À noite, ela relatou: “Sensação horrível. Nossa… parece que vou desmaiar. Não consigo nem olhar para a tela do celular”.
Apesar do rápido atendimento no Hospital de Urgência de São Bernardo do Campo, onde deu entrada em estado grave, Bruna não resistiu. Na última sexta-feira (3), os médicos iniciaram o protocolo para avaliar possível morte cerebral. Segundo a Secretaria de Saúde, a paciente “evoluiu a óbito após adoção de protocolo de cuidados paliativos”, decisão tomada junto à família, que recebeu “a melhor assistência possível” durante o tratamento.
“Ela é uma pessoa maravilhosa, uma mulher batalhadora. Eu quero que ela saia desse hospital e possa retomar a rotina dela”, disse Karen Araújo de Souza, irmã de Bruna, em entrevista ao Fantástico exibida um dia antes da morte da jovem.
O caso de Bruna integra uma onda de notificações relacionadas ao consumo de bebidas com metanol. A Vigilância Epidemiológica do município já registrou 78 suspeitas – 72 pessoas atendidas em unidades de saúde e seis mortes, incluindo Bruna. O Instituto Médico Legal ainda analisa os demais óbitos.
Em nível nacional, o Ministério da Saúde contabilizava até esta segunda-feira 17 casos confirmados de intoxicação e cerca de 200 em investigação, com 14 mortes, sendo duas confirmadas na capital paulista. O estado de São Paulo concentra a maior parte das ocorrências.
Para evitar novos incidentes, a prefeitura da cidade intensificou a fiscalização: quatro estabelecimentos e lotes de bebidas foram interditados, e a Polícia Civil recolheu garrafas suspeitas. A Delegacia de Investigações sobre Infrações contra o Meio Ambiente (DICMA) conduz o inquérito criminal. Equipes da Vigilância Epidemiológica continuam em contato com familiares das vítimas e pacientes internados para rastrear o consumo e reforçar alertas sobre os riscos de bebidas sem procedência.