Publicidade

‘Tem senador da f*cção’, diz ex-integrante de grupo criminoso que teve morte ‘decretada’; vídeo

Facebook
Twitter
WhatsApp

Um rapaz identificado apenas como “Frank”, de 31 anos, viralizou na rede Tik Tok ao revelar como funciona a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Arrependido de viver na criminalidade, ele contou nesta segunda-feira (16) que vai morrer e por isso resolveu contar sua experiência e assim ajudar outros jovens a não se envolverem.

ADVERTISEMENT

Segundo ele, a entrada no mundo do crime foi aos 16 anos, com ofertas sedutoras de ganhar dinheiro e com a ideia de “revolução”. No entanto, com mais maturidade, Frank se arrependeu, principalmente ao ver cada vez mais adolescentes se iludindo.

“Muitas pessoas me questionam: ‘Você saiu e eles não começaram a persegui-lo?’ Não é tão simples. Para sair da facção, se você for batizado, é necessário que você tenha algum problema de saúde que o impeça de desempenhar qualquer função dentro da organização. Eu não possuo essa condição de saúde. Ou, dependendo do cargo que você ocupa na organização, pode sair para se juntar à igreja. No entanto, é realmente para frequentar a igreja, jovens! Se você sai com o pretexto de ir à igreja, mas continua fumando cigarros, consumindo maconha, frequentando bailes funk, baladas e bebendo, você será cobrado”, afirmou o ex-membro.

Frank alega que sua última função, após passar por diversos outros cargos, foi o gerenciamento das listas negras do PCC, ou seja, a identificação de pessoas marcadas para serem mortas.

“Eu era responsável pela sintonia geral das listas negras do Estado, interna e externa, ou seja, eu mantinha planilhas com informações de muitos membros e outras pessoas. Posso provar tudo isso. Então, tornou-se mais difícil para mim sair. Eles não aceitaram. Disseram: ‘Agora que você sabe demais, quer sair’. Eu já desempenhei várias funções, incluindo disciplina, geral na rua, geral no sistema, geral no interior e na Baixada. E agora, quando cheguei à lista negra, no setor de sintonia da organização, eles não entenderam minha saída e a justificaram como traição. Acrescentaram a acusação de traição à minha saída, como se eu tivesse traído a organização. Mas eu não traí ninguém”, se defendeu.

“Pode ser que, ao falar a verdade agora, eu esteja traindo. Mas vou continuar falando. Vou morrer de qualquer maneira. Portanto, não posso guardar isso para mim e permitir que outro jovem, como eu, caia na mesma armadilha. Outro Frank, de apenas 16 anos de idade, que viu no crime uma oportunidade de ganhar dinheiro e sustentar sua família, se envolveu, acreditou no estatuto e em uma suposta revolução. Hoje está aí, aos 31 anos, vivendo armado e só pode dormir durante o dia, pois precisa ficar alerta à noite, com receio de que alguém possa invadir sua casa. Vou falar a verdade mesmo.Não adianta dizer que quero o ‘hype’ [chamar a atenção; aparecer]. Como seria um ‘hype’ se ao estampar minha cara estou me enterrando?”, questiona Frank.

Finalizando, o rapaz diz que se envolver com facções “não é brincadeira” e que muitos artistas e até a mídia não retratam fielmente como funciona.

“A facção não é brincadeira, estão até dentro de prefeitura. Tem senador integrante, e vereador é o que mais tem. Enfim, vocês estão vendo que a situação é delicada e que logo eu vou morrer. Só de pensar nisso me dói, porque tenho cinco filhos e eu fui uma criança boa também um dia, fui um ser humano bom um dia, e me corrompi. Não quero ser a vítima e nem falar que tive motivos. Meu motivo foi o caminho fácil e falta de vergonha na cara. Falta de ouvir meu pai e minha mãe – meu finado pai, que Deus o tenha,” declarou.

“A facção não é o que alguns artistas MCs mostram, nem o que a mídia retrata. Ela é um setor político. O Comando Vermelho no Rio de Janeiro investe em armas, porque para eles é uma guerra. O PCC aqui em São Paulo não age dessa forma. Eles investem em infiltrar-se nas prefeituras e em órgãos do governo. É como um sistema político, uma suposta revolução. Foi nisso que eu acreditei. Mas, quando começaram a batizar menores de idade e eu me vi obrigado a ficar isolado em chácaras e a ir para o Paraguai, longe de minha família, pedi para sair. Me disseram que sair significaria minha morte, então tive que fugir, me esconder e viver da maneira como estou vivendo agora, algo que não desejo para ninguém”.

Leia Também

plugins premium WordPress
Verified by MonsterInsights