Uma sessão solene na Câmara Municipal de Manaus (CMM), organizada pela vereadora Professora Jackeline para celebrar o Dia do Advogado, transformou-se em cenário de indignação. A parlamentar concedeu uma homenagem ao advogado Marcelo Gonçalves de Oliveira, condenado a 10 anos e 11 meses de prisão em regime fechado por tentativa de feminicídio contra a ex-namorada, em 2021.
A condenação pelo júri popular ocorreu em novembro de 2024, mas o advogado nunca chegou a ficar preso, cumprindo pena ou usando tornozeleira eletrônica. Seu nome foi incluído na lista de homenageados pelo Dia do Advogado, enviada pela OAB-AM à CMM, fato que levantou críticas sobre os critérios utilizados pela entidade.
Em resposta à homenagem, a mãe da vítima, Teresa Victória, divulgou uma carta aberta classificando o ato como uma “afronta à justiça e às mulheres”. “Como pode um réu condenado por tentativa de feminicídio ser considerado exemplar? Este não é apenas o meu grito de dor como mãe, mas um apelo por justiça, transparência e responsabilidade”, desabafou.
Ela também questionou a morosidade processual e sugeriu possível influência política e jurídica no caso, uma vez que a mãe de Marcelo é juíza.
Relembrando o crime
Em 2021, Marcelo sequestrou a ex-namorada e tentou assassiná-la por estrangulamento dentro de sua residência, na Zona Leste de Manaus. O agressor fugiu do local acreditando que a vítima estava morta. A jovem foi salva por uma vizinha enfermeira, que a socorreu e a encaminhou ao Hospital e Pronto-Socorro João Lúcio, onde precisou de internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Durante o julgamento, a vítima relatou ter sofrido perseguição e ameaças antes do ataque. Marcelo negou as acusações, mas foi condenado por unanimidade pelo tribunal do júri. Além da pena privativa de liberdade, ele foi sentenciado ao pagamento de indenização de 20 salários mínimos à ex-namorada. No entanto, permanece livre e recebendo homenagens como se tivesse uma conduta ilibada.
