O professor de matemática Emerson Teixeira, agredido fisicamente na última segunda-feira (20) pelo pai de uma aluna em uma escola do Distrito Federal, é conhecido nas redes sociais pelo pseudônimo “Professor Opressor”. O docente, que se declara apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro, mantém um canal no YouTube com mais de 220 mil seguidores, atualmente sem conteúdo público, e um site pessoal que também se encontra inacessível.
Teixeira não é novidade em controvérsias. Em 2018, o professor foi alvo de investigação da Corregedoria da Secretaria de Educação do DF após promover um churrasco dentro da sala de aula para comemorar a vitória de Bolsonaro. Em registro divulgado por ele mesmo, aparece ao lado de estudantes, usando uma camiseta com o rosto do ex-presidente e declarando que, naquele momento, “a Matemática não é importante”.
O incidente recente ocorreu após relatos de que Teixeira teria proferido ofensas a uma estudante com problemas de visão que utilizava o celular como ferramenta de acessibilidade para copiar tarefas, uma prática permitida por lei já que a escola não disponibilizava meios que a ajudassem. Para outros alunos, porém, não é permitido o uso do aparelho e Teixeira alegou ter sido agredido por ter ordenado ela a não fazer o uso, sem mencionar se sabia do problema.
Segundo Boletim de Ocorrência (BO), o pai da aluna, Thiago Lênin Sousa, invadiu a sala de coordenação e desferiu múltiplos socos e chutes contra o professor, causando lesões no rosto, quebrando seus óculos e danificando uma corrente.
Imagens de segurança mostram a agressão sendo interrompida apenas quando Sousa é contido por um mata-leão. Em meio à confusão, a estudante é ouvida dizendo: “O que você fez, pai? Era só pra conversar”.
Investigações anteriores e envolvimento político
Emerson Teixeira integrou investigação da Polícia Federal em outubro de 2020, que apurava uma rede de canais suspeitos de integrar o chamado “gabinete do ódio”. De acordo com reportagem do Estado de S. Paulo, esses canais, incluindo o “Professor Opressor”, recebiam informações do Palácio do Planalto para coordenar ataques ao Supremo Tribunal Federal. Na ocasião, Teixeira teve celular e notebook apreendidos e afirmou, em redes sociais, ter perdido sua “ferramenta patriótica”. Ele revelou ao jornal que recebia cerca de R$ 11 mil mensais com o canal.
Estudantes da escola onde Teixeira leciona relatam um padrão de comportamento inadequado. Uma aluna, amiga da jovem envolvida no episódio recente, descreve que o professor tem o hábito de xingar os estudantes e submetê-los a situações constrangedoras durante as aulas.
O caso da agressão segue sob investigação das autoridades competentes. O profissional da educação disse que está abalado com tudo que aconteceu e que não tem condições de voltar para as salas de aula.
Por meio de nota, a defesa de Thiago informou que ele apenas agiu como um pai que defende a filha, apesar de ter se arrependido da agressão. O homem confirmou que a filha tem deficiência visual. “Ocorre que o referido ‘professor’ ao vê-la usando o celular, proferiu palavras de baixo calão dentro da sala de aula […] A adolescente se sentiu humilhada com as palavras usadas pelo ‘professor’, que deveria ser um exemplo de educador em uma sala de aula”, diz trecho do texto.
Ainda na nota enviada pela defesa do pai da aluna, ele declara ainda que os alunos realizaram um “abaixo assinado requerendo a transferência” do professor do colégio.