Um inquérito da Polícia Civil do Paraná desvendou um esquema de exploração sexual de duas adolescentes, de 14 e 16 anos, comandado pelo próprio pai e pela madrasta das vítimas. As investigações, que revelaram a imposição de metas diárias de produção de conteúdo sexual, rastrearam a divulgação do material por meio de números de telefone com DDD do Amazonas, indicando uma possível rede de distribuição interestadual.
De acordo com o delegado Gabriel Fontana, da PC-PR, as conversas apreendidas mostram que os suspeitos impunham às jovens a obrigação de enviar, todos os dias até as 22h, dez vídeos de pornografia explícita. O método de coerção utilizava uma linguagem mística e de seita, com o homem se passando por um “oráculo” para ameaçar e chantagear as vítimas.
O crime veio à tona em fevereiro, quando a mãe das adolescentes recebeu ameaças de divulgação dos vídeos. A prisão da madrasta em Curitiba e de uma segunda mulher em Cerro Azul ocorreu na última quinta-feira (21). O pai, identificado como principal mentor, permanece foragido. Os nomes não foram divulgados para preservar as vítimas.
A polícia apreendeu celulares e computadores durante as buscas, encontrando evidências concretas do esquema. A segunda mulher presa estava diretamente ligada aos números de telefone – incluindo os com código do Amazonas – usados para solicitar e disseminar o material ilegal. As investigações apuram a hipótese de que o conteúdo era comercializado em redes criminosas especializadas.
As jovens, que são irmãs, vivem com a mãe biológica. Uma delas chegou a perder o emprego após um dos vídeos ser divulgado. Os investigados respondem por crimes como coação, divulgação de material de exploração sexual infantojuvenil, associação criminosa e ameaça.