A neurologista Cláudia Soares Alves foi presa nesta quarta-feira (5), em Goiás, suspeita de envolvimento no assassinato de uma farmacêutica ocorrido em 2020. Além deste caso, no ano passado ela sequestrou uma recém-nascida em Uberlândia (MG). Segundo a polícia, a mulher queria tanto ser mãe que tinha um quartinho de bebê, em casa, e até um boneco reborn.
De acordo com o delegado Eduardo Leal, a motivação dos crimes estaria relacionada a uma obsessão da médica por assumir a maternidade de uma criança. As investigações apontam que Cláudia mantinha um relacionamento com o ex-marido da farmacêutica Renata Bocatto Derani, de 38 anos, assassinada a tiros em novembro de 2020 quando chegava ao trabalho.
“Cláudia certamente entendeu que ceifando a vida da vítima seria mais fácil dela conseguir assumir esse poder familiar. Ficou apurado que ela contou com o apoio do vizinho e do filho [dele]”, declarou o delegado à TV Anhanguera.
Padrão de conduta
A investigação revelou um histórico de tentativas da médica para conseguir uma criança após não conseguir engravidar, mesmo já tendo um filho homem. Segundo as autoridades, Cláudia tentou adoções fraudulentas com documentos falsos, chegou a negociar a compra de um bebê na Bahia e, finalmente, sequestrou uma recém-nascida do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) em julho de 2024.
No episódio do sequestro, a médica se aproveitou de seu cargo no hospital para acessar a maternidade, apresentar-se como pediatra aos pais e levar a bebê, que tinha apenas três horas de vida. Um vídeo de segurança registrou a saída da mulher carregando a criança.
Em sua residência, a Polícia Civil encontrou um quarto infantil completamente equipado, com roupas para criança, berço, roupas e uma boneca reborn (hiper-realista) como se fosse sua filha. O cenário reforçaria, segundo investigadores, a intencionalidade dos atos.
A médica já respondia anteriormente pelos crimes de falsidade ideológica e tráfico de pessoas em liberdade. A defesa, por meio do advogado Vladimir Rezende, alegou em ocasião anterior que Cláudia sofre de transtorno bipolar e estaria em crise psicótica durante o sequestro, sem condições de discernir a natureza ilícita de seus atos.


