A mulher de 32 anos que atirou a filha de 6 anos do 10º andar de um hotel no Centro de Belo Horizonte e em seguida cometeu suicídio, nesta segunda-feira (1º), enfrentava uma depressão profunda, com relatos de ideação suicida, agravada pelo trauma de um suposto abuso sexual sofrido por suas duas filhas em 2020. A informação foi confirmada por familiares durante o sepultamento das vítimas, realizado nesta terça-feira (2).
O suposto abuso, que teria sido cometido por um adolescente de 14 anos (sem parentesco), foi descoberto quando as meninas tinham 1 e 8 anos. A mãe notou vermelhidão na região íntima da bebê e, após insistir, ouviu da filha mais velha o relato dos abusos repetidos. Um Boletim de Ocorrência foi registrado na época, e o adolescente foi apreendido, cumprindo posteriormente medida socioeducativa.
Desde então, conforme relatos da família, a saúde mental da mulher entrou em declínio. Ela desenvolveu depressão, tinha surtos em público, sentia-se culpada pelo ocorrido e fazia uso de medicamentos controlados, os quais teria abandonado há mais de um ano. “Com certeza foi esse abuso que fez ela ficar assim”, afirmou uma familiar.
O fato
Na tarde de segunda-feira (1º), a mulher se hospedou com as duas filhas, de 6 e 13 anos, após uma discussão com o companheiro. No quarto, apresentou à filha adolescente três opções: que as três ingerissem remédios para morrer, que a garota fosse morar com a avó ou que fosse para o pai, no Espírito Santo.
Diante da recusa firme da adolescente em ceifar a própria vida, a mãe declarou que a irmã mais nova, por ser pequena, “não teria escolha”. Então, ministrou uma alta dose de medicamentos à criança de 6 anos, que ficou sonolenta e com o nível de consciência alterado.
Em seguida, dirigiu-se à adolescente e anunciou: “Já que você decidiu ficar, primeiro eu vou jogar sua irmã, depois eu me jogo. Um beijo, te amo”. A mãe cumpriu a ameaça: atirou a menina pela janela e, pouco depois, se lançou. A adolescente, em choque, saiu correndo pelo hotel pedindo socorro.
A Polícia Militar foi acionada por volta das 15h20 após hóspedes relatarem as quedas. Ambas as vítimas tiveram a morte constatada no local. A Polícia Civil informou que a investigação do abuso de 2020 foi concluída pela Delegacia Especializada em Apuração de Ato Infracional e o caso encaminhado à Justiça na época. O garoto já está livre. Agora, as delegacias de Homicídios e da Criança e Adolescente apuram os detalhes da tragédia.


