Em um caso que desafia a credibilidade e expõe uma trama de falsificações audaciosas, uma mulher de 43 anos, identificada como Célia Soares, foi presa na última quarta-feira (20) pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), na BR-304, em Mossoró, após tentar impressionar um motorista de aplicativo com um cartão de visitas repleto de títulos fictícios e incompatíveis. O roteiro nem em novela tem.
A cearense se apresentava como desembargadora, juíza de garantias, promotora de justiça, advogada, chefe da Interpol, agente do FBI, juíza militar, psiquiatra e psicanalista, juíza privada das causas impossíveis, entre outras funções de grande prestígio – todas inexistentes ou fraudulentas. A fachada de poder ia além: em Juazeiro do Norte, onde mantinha um suposto escritório no bairro Lagoa Seca, uma placa exibia titulos como “guardiã da democracia mundial” e “chefe fiscalizadora dos ministros do STF”.
A suspeita começou quando o motorista de aplicativo estranhou a quantidade excessiva de bagagem e as histórias inconsistentes contadas pela passageira, que alegava estar em Mossoró para assumir um cargo na prefeitura. Desconfiado, ele levou Célia, sua mãe e sua filha até um posto da PRF.
Lá, a fraude foi desmontada. A mulher exibiu um certificado de posse claramente falsificado e uma carteira da OAB que não resistiu à verificação: não possuía chip de segurança, apresentava dados inconsistentes e o número de inscrição pertencia a um advogado do Paraná.
A Polícia Civil confirmou o uso de documentos falsos e apreendeu o celular da suspeita para investigar a extensão das fraudes. Suas acompanhantes foram ouvidas e liberadas em seguida. Ainda não há informações de quantas vítimas a golpista fez, mas ela trabalhava na área já há algum tempo por várias cidades.
Ela foi solta após uma audiência de custódia realizada na quinta-feira (21). A Justiça concedeu a ela liberdade provisória, com a aplicação de medidas cautelares, e ela responderá ao processo em liberdade.