A reta final da gestão Beto D’Ângelo em Manacapuru é o que pode se chamar de coleção de escândalos. Prisões, denúncias de corrupção, falta de transparência e acusações feitas por órgãos de controle, formam a paisagem da janela do político que encerra o segundo mandato sob forte desconfiança.
Educação
Em 2018 Manacapuru viu o prefeito ser denunciado por falta de transparência. MP e TCE apuram o Pregão Presencial SRP nº 009/2021-CPL, que contratou serviços de transportes escolares fluvial e terrestre com verba milionária sob suspeita de corrupção.
A investigação vem no rastro dos R$ 3,8 milhões para levantar as escolas Escolas Municipais Ezequiel Ruiz e José de Melo Sobrinho, receberam verba federal de R$ 1.768.282,24 e R$ 1.707.024,88, obras caras que ficaram paradas e atrasaram .
Promotora horrorizada
Quem abriu os olhos para Beto foi o Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM), que até hoje investiga gastos de Beto na pandemia. Tânia Maria de Azevedo Feitosa cobrou explicação dos gastos da ordem de R$ 8 milhões e se mostrou perplexa com a falta de transparência.
“Eu visitei o portal do município, fui em todas as abas relativas a Covid-19 e tudo se encontra desatualizado. Desde maio, venho pedindo da prefeitura as cópias dos contratos, mas a prefeitura não encaminhou informação alguma. Temos informação de que só no ano de 2021, Manacapuru recebeu mais de R$ 7 milhões de verba federal, então, nada mais justo que eles agora prestem contas de como, quando e onde eles gastaram esse dinheiro”, disse a promotora.
MPC apura
O Ministério Público de Contas também entrou na jogada ao farejar gastos suspeitos na Prefeitura de Manacapuru;. “Instauramos o procedimento para apurar se há alguma irregularidade nesses contratos porque acreditamos que R$ 7 milhões seja um valor muito alto para uma licitação de 12 meses e, se a situação é de urgência e emergência, os kits deveriam ser entregues imediatamente. Por esse motivo, pedimos da prefeitura os esclarecimentos acerca de qual situação de emergência haverá nos próximos seis meses que exija uma licitação grande como esta”, disse Tânia, que até esta data ainda busca as informações nada transparentes da gestão.
2023
Em fevereiro do ano passado, Beto foi denunciado pela empresa CEL Atividades Médicas junto ao Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM).
As atividades para atender demandas do Hospital Geral Lázaro Reis, Policlínica, CAPS II, CAPS Álcool e Drogas e Unidades Básicas de Saúde de Manacapuru, teriam sido direcionadas, a ponto do conselheiro Mário Manoel Coelho de Melo dizer que “considerando os indícios de irregularidade na condução do certame, por meio de desproporcional e desarrazoável descredenciamento e inabilitação da licitante, em sede de cautelar, requer a suspensão do procedimento licitatório, em receio a grave lesão ao erário e ao interesse público”.
Beto até hoje responde na Corte pela denúncia.
Shows
Se não explica aos órgãos de controle as denúncias de irregularidades, Beto tenta distrair o povo com shows. O último deles foi com Zé Vaqueiro, ano passado. O TCE bem que tentou barrar a festa, mas Beto não deu bola.
“Nós estamos falando de administração pública, ela é contínua, ela é perene. Você não pode parar uma cidade por um fato [seca] que todos os anos acontece. Esse ano é forte. A estiagem é grande, mas nós não temos um desastre, não temos vítimas fatais ou coisas parecidas. Nós temos pessoas que estão precisando de apoio”, disse na época.
Prisões
Além das denúncias, Beto entra para a história de Manacapuru por prisões.
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) apontou corrupção na Secretaria de Educação e Cultura e varreu a gestão do prefeito.
A Polícia Civil do Amazonas cumpriu três mandados de prisão temporária e cinco de busca e apreensão contra servidores da Secretaria de Educação e Cultura do município, onde a suspeita é que desviou-se dinheiro destinado aos conselhos de escolas e às Associações de Pais e Mestres das escolas municipais.
Foram alvo o secretário Raimundo Conde e o subsecretário Afonso Luciano. Além dos mandados de prisão e busca e apreensão, a Justiça do Amazonas determinou o bloqueio de R$ 4 milhões em bens dos investigados.
Aglomerador
Por fim, Beto foi multado com a vice-prefeita Valcileia Maciel em R$ 100 mil, após o Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM) constatar que os dois aglomeraram eleitores para pedir votos em plena pandemia.
Beto deixará o poder entregando a cidade com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de apenas 0,614, abaixo da média nacional, de 0,674.