O deputado estadual Daniel Almeida (Avante), irmão do prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), causou indignação durante sessão da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM) nesta quinta-feira (11) ao se posicionar contra a criação da Lei Paulo Onça, que homenageia o sambista e compositor assassinado após uma briga de trânsito ocorrida em setembro, em Manaus. Em seu discurso, o parlamentar fez declarações que relativizaram a violência sofrida pelo artista e foram amplamente criticadas.
Almeida referiu-se ao suposto histórico de dependência química de Paulo Onça e afirmou que a proposta legislativa “premia infratores”. “Um dependente químico que pega o carro, usa droga e dirige está cometendo um crime. É inadmissível premiar o infrator dessa maneira, criando uma lei nesta Casa. Ele era talentoso, brilhante, mas perdeu para as drogas”, declarou.
Sobre a agressão fatal, ocorrida após a batida entre os carros da vítima e o agressor, o deputado sugeriu que ela teria sido uma reação em defesa da família de um homem que, segundo ele, teve o carro atingido pelo do cantor minutos antes. “Ele causou a violência contra uma família e a pessoa que o espancou, que bateu nele, que eu também não concordo com a violência, foi desproporcional, estava defendendo a família dele”, argumentou. Paulo Onça teve afundamento de crânio e o agressor, conhecido como “Bacana”, não sofreu nenhum ferimento, assim como sua família.
Repercussão crítica
A fala foi recebida com indignação por parte de parlamentares e nas redes sociais. Muitos falaram que Almeida não deveria sugerir que o espancamento, que culminou em homicídio, foi uma defesa”.
A deputada Alessandra Campelo (Podemos) confrontou-o diretamente durante a sessão, sugerindo que ele retirasse sua própria assinatura como coautor do projeto. “Deputado Daniel, cada vez que o senhor fala, piora. […] Eu acho que o senhor tem que retirar a sua assinatura, porque o senhor é um dos autores dessa lei”, disse Campelo.
Nas redes, usuários questionaram a linha de raciocínio do parlamentar. “Já pensou na loucura que seria se todos os condutores que dirigissem embriagados fossem espancados e mortos? É sério que esse cidadão foi eleito com o voto do povo?”, indagou um internauta. Outros lembraram que não há exames toxicológicos públicos que comprovem o estado do artista no momento do acidente anterior à agressão.
Daniel Almeida ainda relacionou o caso à sua trajetória pessoal, mencionando que já enfrentou a dependência química, e reforçou que dirigir sob efeito de substâncias é crime.


