Durante a gestão Bolsonaro (PL), pelo menos 2 milhões de munições foram vendidas de forma irregular no país, conforme relatório de auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União). Segundo informações do Sicovem (Sistema de Controle de Venda e Estoque de Munições), utilizado pelo Exército, essas munições foram adquiridas usando CPFs de menores de 18 anos e de pessoas falecidas, além de não terem sido informados os números de registro das armas correspondentes.
A auditoria também revelou que o sistema permitiu a venda de munições em calibres diferentes dos registrados para as armas. Por exemplo, foi possível comprar munições de fuzil 5,56 mm usando documentos de armas de calibre 22. Outras irregularidades incluem vendas a menores de 18 anos e munições destinadas a pessoas falecidas. Esses problemas foram apontados pelo Instituto Sou da Paz.
Bruno Langeani, consultor sênior da entidade, destacou que o sistema atual usado pelos comerciantes não possui proteções contra fraudes. O caso da organização criminosa no Maranhão, que despejou munições ilegalmente no mercado, evidenciou uma falha primária no Sicovem, conforme reportado pela Folha de S.Paulo em novembro de 2022. O sistema do Exército, o Sicovem, é criticado por especialistas por ser operado pela CBC (Companhia Brasileira de Cartuchos), que é a principal fornecedora de munições não militares no país.
O desenvolvimento de um novo sistema está em andamento para resolver esses problemas, como afirmou o general Marcus Alexandre Fernandes, diretor de Fiscalização de Produtos Controlados do Exército Brasileiro, durante uma audiência pública no Senado.