Uma discussão acalorada na Live Fitness, na avenida das Torres, Zona Norte de Manaus, levou à intervenção policial na noite de quinta-feira (3) após a artista visual Maria do Rio Negro Kaxinawa, mulher trans e cliente da academia, ser impedida por outras frequentadoras de usar o banheiro feminino. O caso gerou protestos, acusações de discriminação e terminou com dois boletins de ocorrência registrados.
Testemunhas relataram que o conflito começou quando Maria tentou acessar o banheiro no primeiro andar e foi barrada por um grupo de mulheres que se recusou a compartilhar o espaço.
Maria, após ser impedida, voltou à área de musculação e trocou ofensas com outras clientes. Uma adolescente envolvida na discussão a acusou de injúria racial, registrando um Boletim de Ocorrência (BO) com os responsáveis legais.
A direção da academia chamou a Polícia Militar, mas quando os agentes chegaram, Maria já havia deixado o local. Ela também registrou ocorrência, alegando ter sofrido discriminação por identidade de gênero.
A artista visual é ainda indígena, atriz premiada e ativista dos direitos das mulheres trans e dos povos indígenas. Maria ganhou destaque no cenário artístico em 2020, ao atuar no curta-metragem “Manaus Hot City”, dirigido por Rafael Ramos. O filme foi aclamado em festivais nacionais e internacionais.
Pela legislação brasileira, é garantido desde 2019 o o direito de usar banheiros conforme sua identidade de gênero para pessoas trans. Porém, alguns locais privados ainda enfrentam resistência e não concordam.