Uma pista de pouso e decolagem, suspeita de servir ao garimpo ilegal, é facilmente avistada por quem sobrevoa os céus do território yanomami em Roraima. Localizada na Avenida dos Oitis com a Alameda Cosme Ferreira, a pista abriga nove aviões de pequeno porte, alinhados lado a lado, próximo à exploração ilegal de ouro na maior terra indígena do Brasil, que faz fronteira com a Venezuela. Com coordenadas indicando a presença da pista 5 km adentro do país vizinho, o local representa um desafio para as autoridades brasileiras. A reportagem é da Folha de São Paulo.
Na região do “garimpo do Rangel”, situado em território brasileiro, embarcações com garimpeiros trafegam sem obstáculos pelas águas sujas e barrentas dos rios Couto Magalhães e Mucajaí. Garimpos e as marcas deixadas por eles parecem engolir malocas, pequenas aldeias e uma pista de pouso que outrora serviu à saúde indígena nas áreas de Homoxi e Xitei. A expansão do garimpo, com seus impactos visíveis, ressurge como um desafio crescente nas regiões afetadas.
A situação se agrava na região de Auaris, considerada um dos principais focos da crise humanitária enfrentada pelos yanomamis. O garimpo, agora retomando força em pontos estratégicos do território, contribui para a crise, afetando o acesso a alimentos e causando surtos recorrentes de malária. A desnutrição infantil torna-se evidente, refletindo diretamente a exploração ilegal de ouro e criando uma situação precária que demanda uma resposta urgente das autoridades de saúde e ambientais.