SALVADOR – BA| Alex Fabio Brito, 33, conselheiro tutelar de Salvador relatou ter sido vítima de agressões verbais e físicas por causa da sexualidade há oito anos. Alex mora no bairro de Narandiba e conta que sofre ofensas verbais de um idoso de 74 anos, que mora próximo à casa dele.
De acordo com Alex as agressões verbais aconteciam quando ele ia ao mercado, e na presença de pessoas da família. Por causa disso, ele deixou de ir ao estabelecimento, para evitar as ofensas.
“Toda vez que vou ao mercado, ele me xinga de ‘viadinho’, dizia que meus amigos que estavam comigo eram ‘meu macho’. Onde ele me via, ele começava os ataques verbais”, relata.
“Deixei de fazer mercado no meu bairro porque ele me dizia tanta coisa, que eu largava as compras e ia para casa. Ele me dizia coisas quando eu estava com meu pai, a situação era constrangedora”, disse.
Alex conta que como se trata de um idoso, ele optou por não registrar Boletim de Ocorrência. Entretanto, no dia 16 de maio, a situação passou de agressão verbal para agressão física. De acordo com Alex, ele estava na porta de casa, com uma criança, quando o suspeito avançou com o carro para cima dele. E, depois disso, pegou um facão que estava no veículo.
“Quando foi no domingo [16 de maio], estava na rua conversando, ele foi e passou. Quando me viu, tentou me atropelar. Passou da agressão verbal à agressão física. Eu falei que estava com criança no colo, ele pegou um facão dentro do carro e veio para cima de mim. Se não fosse o vizinho, ele teria metido o facão em mim”, relata.
O caso foi registrado na 11ª Delegacia Territorial de Tancredo Neves, no mesmo dia em que aconteceu a tentativa de atropelamento. De acordo com a Polícia Civil, os envolvidos serão ouvidos na unidade, mas não deu detalhes. A polícia informou também que não dispõe de mais informações.
Dois dias depois, em 18 de maio, Alex relatou ter sido vítima de outra agressão. Ele conta que também estava na porta de casa quando o genro e o neto do idoso começaram com agressões verbais e físicas. Ele conta também que estava filmando a situação, mas teve o celular furtado pelos familiares do idoso. Novamente ele registrou Boletim de Ocorrência, na Central de Flagrantes.
“Eu estava na porta de casa, falando com um vizinho, quando passou o neto dele e começou a me xingar na rua, me chamando de tudo que era nome, muitos palavrões. O neto dele me deu um murro no rosto, teve uma confusão na rua, os vizinhos chegaram. Nesse momento, eu estava pegando meu celular, quando o genro do idoso deu um tapa na mão e meu celular caiu no chão”, conta.
O caso está sendo acompanhado pela Defensoria Pública da Bahia (DPE-BA) e pelo Centro de Promoção e Defesa dos Direitos LGBT da Bahia (CPDD-LGBT), que pertence à Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS).
Por meio de nota, o CPDD-LGBT informou que acompanhou o conselheiro tutelar na delegacia e já encaminhou o caso para a Promotoria de Justiça em Defesa dos Direitos LGBTQIA+ do Ministério Público da Bahia (MP-BA). Além disso, por meio da Coordenação LGBT e da Superintendência de Direitos Humanos, também acionou a Superintendência de Prevenção da Violência da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA).