A jovem Lívia Ramos de Souza, de 19 anos, viveu seu maior pesadelo ao ser presa no dia 5 durante uma entrevista de emprego. A empresa onde ela estava era investigada por golpes de consórcio no Rio de Janeiro. Além dela, outros 13 jovens da mesma faixa etária também foram presos e agora tiveram a prisão preventiva convertida em medidas cautelares.
A soltura foi realizada na tarde desta terça-feira (20), após decisão da Justiça. Lívia ficou 15 dias presa e disse que viu a vaga de emprego em um site e estava fazendo um treinamento. Em seguida, policiais da 58ª DP chegaram e prenderam todos.
“Foi horrível! Eu estava presa com pessoas que já estavam sentenciadas, já tinham cometido homicídios, tráfico de drogas, vários crimes. Fiquei desesperada, tive crises de ansiedade, chorava dia e noite. Eu não imaginava que aquela empresa era errada. Tinha ido só para fazer uma entrevista”, lembra ela.
A mãe, a auxiliar de serviços gerais Cristiane Pinto Ramos, de 51 anos, disse que ficou desesperada quando entendeu o que estava acontecendo. “Ela viu a vaga na internet, no site Infojobs. Chegando lá, já colocaram ela para fazer treinamento no computador. Não assinou nada, não chegou a fazer venda e não teve movimento de dinheiro entrando na conta dela, só estava treinando. Eu estava no trabalho, e quando foi 20 horas ela me ligou desesperada dizendo que estava presa”, lembrou a mãe.
Lívia, mesmo sem antecedentes criminais, não saiu na audiência de custódia e foi considerada suspeita de participar dos golpes mesmo nem conhecendo a empresa direito.
Agora, o desembargador José Muiños Piñeiro determina que os jovens não prestem serviços para empresas “que tenham o mesmo objeto daquela que deu origem ao auto de prisão em flagrante” e Lívia teme não conseguir mais emprego.
“Todos os dias eu orava com as meninas. Nós sempre estávamos recebendo respostas negativas, ruins, mas nada abalou a nossa fé. Estou com medo de não conseguir arrumar um emprego. As presas falavam que eu iria ter muita dificuldade em arrumar um trabalho por ser ex-presidiária, mas a gente precisa trabalhar”, lamenta ela, que tem curso na área administrativa e pretende fazer faculdade na área.