O velho ditado “A Amazônia é nossa” pode ter ido por água abaixo. Um grupo empresarial europeu conseguiu comprar uma fazenda maior do que o estado de São Paulo, em uma área da Amazônia que fica entre o Acre e o Amazonas. O Incra entrou no Tribunal de Justiça do Amazonas para anular a transação, de acordo com reportagem publicado na UOL, hoje (25).
A terra agora pertence à madeireira Agrocortex, de propriedade de portugueses e espanhóis. A Fazenda Novo Macapá tem 190 mil hectares, ou seja, maior que São Paulo (a capital tem 150 mil hectares).
Os empresários alegam que respeitam a Lei e exploram apenas 3% da área. A compra ocorreu de 2014 a 2016. O antigo dono era a empresa Batisflor, do brasileiro Moacir Eloy Crocetta.
Na reportagem ele diz que vendeu tudo e não recebeu ainda o que tem direito. “A venda foi por R$ 250 milhões, mas a Agrocortex não pagou tudo, diz Crocetta. Questionada sobre quanto pagou pela terra, a Agrocortex não respondeu. Crocetta também não informou quanto recebeu”, diz a matéria.
A empresa retira da Amazônia estão mogno, cedro, jatobá, cumaru, garapa e cerejeira. A atividade tem aprovação do Ibama e certificadas pela ONG Conselho de Manejo Florestal (FSC, na sigla em inglês).
O Incra afirma no Tribunal de Justiça do Amazonas que a empresa usa uma manobra para justificar que tem apenas 49% da madeireira. Pela Lei, estrangeiros não podem comprar terras brasileiras.
“A Agrocortex é uma sociedade entre empresas europeias. São duas empresas espanholas (ADS e Kendall, ambas com sede em Madri) e duas empresas controladas por portugueses (R Capital, com sede em Sintra, e Agroview, empresa com sede no Brasil, que tem dois sócios: a Parcontrol, empresa com sede em Lisboa, e um empresário português)”, diz a matréria.
Além do TJ do Amazonas, o caso foi denunciado na Controladoria Geral da União e Ministério Público Federal, que analisam o peido de anular a venda.