Brigas com mulheres, relógio caro, problemas com ex-secretários de Governo e alto índice de rejeição. O senador Eduardo Braga (MDB) tenta apagar da memória coletiva da população uma série de polêmicas, enquanto pede votos para tentar ao menos diminuir a distância para o governador Wilson Lima (União Brasil), que lidera as intenções de voto no segundo turno.
Nesta segunda-feira (10) fazemos um raio-x da política com o candidato que esta semana viu Amazonino Mendes não lhe dar apoio e ainda dizer que a população mostrou nas urnas apoiar o atual governo. Além de conseguir votos para vencer Lima, Braga precisa superar o próprio passado.
PROBLEMAS COM EX-SECRETÁRIOS
Enquanto promete um governo responsável caso seja eleito, Braga tenta desviar de assuntos mais polêmicos. Foi o que aconteceu em julho deste ano com a ex-secretária de Infraestrutura Waldívia Ferreira Alencar, que foi cobrada pelo Tribunal de Contas do Amazonas (TCE), no valor de R$ 6,1 milhões por “despesas não comprovadas” do contrato para a elaboração do projeto do Monotrilho que nunca saiu do papel, em Manaus durante a Copa do Mundo.
Conforme publicado nas páginas 9 e 10 do Diário Oficial do TCE, no dia 24 de junho, os conselheiros, por unanimidade, julgaram ilegal o Contrato 001/2012 da Secretaria de Estado de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (antiga Seplancti), a partir da Concorrência Pública 31/2010-CGL.
Braga se calou diante das acusações e não toca no assunto na campanha. Também não fala que time montará se for governador.
A licitação para a construção do monotrilho foi cancelada pela Justiça Federal do Amazonas após um pedido do Ministério Público Federal (MPF), que encontrou várias irregularidades.
Estudo feito pela Controladoria Geral da União (CGU) e Tribunal de Contas da União (TCU) concluiu que o sistema de transporte estaria saturado pouco tempo após entrar em operação. A licitação, feita na gestão de Eduardo Braga, não atendia a todos os quesitos previstos em lei, segundo o procurador do MPF, Jorge Medeiros. Para completar, a obra feria o tombamento do centro histórico de Manaus e desrespeitava a Lei Nacional da Mobilidade Urbana.
Na época, o juiz Rafael Leite Paulo, da 3 Vara Federal, escreveu que o monotrilho de Manaus era “uma obra com fortes e robustos indícios de vícios legais em seu projeto básico e no respectivo procedimento licitatório.”
ATAQUE À JORNALISTA
Longo histórico de problemas com mulheres. Nesta campanha não foi diferente. ,Eduardo Braga (MDB) se envolveu em polêmica com a jornalista Marcia Dantas, do SBT, que acusou o candidato a governo do Amazonas de agressão verbal na quinta-feira, dia 29 de setembro.
Márcia é âncora nacional da emissora de Silvio Santos e veio a Manaus para mediar o debate da TV Norte. “O senhor me respeite”, diz a jornalista no intervalo, no vídeo que viralizou nas redes dos amazonenses.
CALOTE EM BLOGUEIRO
Viralizou nas redes sociais em maior deste ano um vídeo do digital influencer Sam Kelwen onde ele relata um calote feito por um funcionário do senador Eduardo Braga (MDB-AM) após campanha publicitária.
Segundo o ator, Fabrício Mendes seria o responsável pelo repasse do pagamento. Ainda conforme o jovem, o citado teria bloqueadoo jovem das redes socais e grupo de mensagens todos que participaram do vídeo de propaganda sem dar explicações.
“Esse cara aqui [Fabrício Mendes] enganou a gente. A gente que fez o VT pro Eduardo Braga que é para quem ele trabalha. Ele chamou a gente dizendo que ia ser tudo pago e até agora nada. Faz mais de um mês. O VT já saiu e nada da gente receber”, desabafou.
RELÓGIO, FORTUNA E PATRIMÔNIO EM CRESCIMENTO
O senador Eduardo Braga e sua fortuna voltaram aos holofotes nesta campanha. O político com mais de 30 anos de mandato declarou ao TSE ser dono de de um patrimônio de R$ 35,8 milhões em bens.
Eduardo Braga afirma que só em previdência tem guardados R$ 7 milhões, além de casas, embarcações, joias, objetos de arte, terrenos, ações, dinheiro vivo, contas bancárias, veículos, apartamento, fundos de investimento e outros bens.
A declaração do candidato chamou a atenção nas redes sociais. O crescimento de 2018 até hoje foi de mais de R$ 3 milhões. Em 2018 ele foi eleito senador e declarou R$ 31,6 milhões.
Em julho deste ano, mais uma vez ele se viu em polêmica com mulheres. E agora por causa de um relógio.
O senador Eduardo Braga (MDB) passou por maus bocados no aeroporto de Brasília, onde foi questionado por duas mulheres sobre denúncias de que recebeu propina milionária de construtora e sobre como ele consegue ostentar um relógio milionário no braço.
A pergunta foi feita respondendo a um desafio do jornalista Ronaldo Tiradentes, que prometeu um prêmio de R$ 5 mil para quem conseguisse chegar ao senador, fazer a pergunta e gravar.
Após dizer no vídeo que “Dudu não escapa”, as mulheres cumprem o desafio de deixar o senador visivelmente desconfortável.
Braga foi acusado de receber R$ 30 milhões de propina da construtora Andrade Gutierrez, responsável pela construção da Arena da Amazônia e o Prosamin.
O então governador foi acusado de aceitar a chantagem enquanto era governador do Amazonas, de 2003 a 2010. “O senhor aceitou 10% de propina? O que senhor acha disso? O que o senhor tem a dizer?”, perguntou uma das jovens.
“Isso é mentira, já foi julgado, já foi arquivado”, diz o político, que tenta mudar de assunto e pergunta se a loira mora no Amazonas.
“Você veio no aeroporto só para me encontrar? Que maravilha”, ironiza o político.
Braga também não escapou da pergunta sobre o relógio que usa, da marca Patek Philippe, que custa mais de R$ 1 milhão. “Meu relógio está aqui ó. Eu uso há 30 anos. Portanto, essa não cola e tomara que você consiga receber seu dinheiro porque ele [Ronaldo Tiradentes] é caloteiro”, finaliza.
Ronaldo afirma que Braga ostenta um Rolex no vídeo, além de ser dono do Patek, o relógio caríssimo que foi fotografado em Uarini, durante uma festa na cidade. O acessório custa cerca de 1,2 milhão de reais.
A polêmica sobre o ex-governador vem do fato de ele ter sido delatado na Lava-Jato.
Os ex-executivos da construtora Andrade Gutierrez revelaram, em delação premiada que pagaram propina aos ex-governadores do Amazonas Eduardo Braga (PMDB) e Omar Aziz (PSD), que hoje são senadores pelo Amazonas.
Braga teria ficado com 10%, entre 20 e 30 milhões de reais, enquanto Aziz teria ficado com 18 milhões de reais.
Braga afirma ser dono de um patrimônio de R$ 31 milhões e garante que não deve nada na Justiça.
INVESTIMENTOS NA ELETROBRAS
Braga declarou na Justiça Eleitoral que investe parte de sua fortuna na Eletrobras. O senador pelo MDB é acusado de ser um dos responsáveis pela série histórica de aumento nas contas de energia, quando era ministro da pasta no governo Dilma.
O senador confirma, assim, que os lucros da estatal também vão parar no seu bolso. Sua declaração de bens inclui R$ 739 mil em ações da Eletrobras. Outras ações declaradas são: Itaú/Unibanco R$ 227,3 mil; Vale do Rio Doce, R$ 1,04 milhão; e em setores como o imobiliário. O patrimônio do candidato soma mais de R$ 35,7 milhões, o maior entre todos os candidatos ao Governo do Amazonas.
O político ainda investe na Petrobras (R$ 776 mil), JBS (R$ 322 mil), Banco do Brasil (R$ 267 mil), entre outras. A JBS é uma das empresas envolvidas nos escândalos de corrupção do PT descobertos na Operação Lava Jato.
Os dados são públicos e obrigatórios para os candidatos. Eles estão no DivulgaCand.
GRITOS NA MINISTRA
Em dezembro de 2021, talvez a maior das polêmicas com mulheres. O senador Eduardo Braga (MDB) causou uma crise de choro na ministra Flávia Arruda, da Secretaria de Governo Federal. Por telefone, o senador entrou em contato com a ministra para cobrar emendas parlamentares. Aos gritos e falando palavrões, a postura de Braga abalou o emocional da ministra, que chorou e teve de parar de falar.
Após não conseguir conter a fúria do parlamentar, a ministra passou a ligação para o chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira.
O OUTRO LADO
De tanto ficar famoso por polêmicas, Braga gravou vídeo para mostrar que não é grosseiro. Ele postou a mensagem nas redes sociais e se disse vítima de perseguição.
No vídeo compartilhado nas redes sociais, Braga aponta que as pessoas o enxergam como “arrogante, grosso e estúpido”, mas que na verdade é o perfil dele de mostrar trabalho e fazer cobranças. Em uma série de arquivos, ele mostra as obras entregues enquanto foi governador, e atribui a isso sua “má fama”.
Com um apanhado de arquivos de obras e discursos, o vídeo de Eduardo Braga foi voltado na promoção do senador, terminando com uma frase de destaque: “você pode até não gostar, mas Eduardo Braga é necessário”.