Dois anos após ser alvo da Polícia Federal por suposto envolvimento em fraude no transporte escolar, o deputado estadual Saulo Vianna (União Brasil) volta ao centro das atenções, desta vez por suas despesas de campanha. Em plena jornada pela reeleição, o parlamentar já declarou ter gastado R$ 171.500 com táxi aéreo, 42 mil reais em aluguel de veículos e um estranho gasto em choperia.
A Copacabana Choperia levou mais de R$ 44 mil do dinheiro do Fundo Eleitoral do parlamentar nesta campanha. Ainda que não se tenha notícia de festa ou celebração, o gasto está declarido.
Clique aqui e veja.
Os dados estão oficialmente declarados, embora não haja detalhamento disponível.
O Fundo Eleitoral é verba pública destinada às campanhas dos políticos em todo o Brasil.
POLÍCIA FEDERAL
Em 2020 Vianna foi alvo da Polícia Federal, durante a Operação Ponto de Parada, onde foi apurada fraude em licitação para fornecimento de transporte
escolar no município de Presidente Figueiredo (a 107 quilômetros da capital).
Os problemas do parlamentar se expandiram e chegaram à sua família. Seu pai acabou preso na operação. A operação também prendeu Jender Lobato, que é presidente do Boi Caprichoso, Hudson Maranhão Duarte, funcionário da Prefeitura de Presidente Figueiredo, e Rosedilce de Souza Dantas.
Sérgio Rodrigues Vianna, pai do deputado, ficou alguns dias no Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM) 2, mas foi solto em cumprimento a
Habeas Corpus julgado procedente pelo desembargador federal Olindo Menezes, do TRF1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região).
Saulo foi investigado pelos crimes de fraude em licitação, lavagem de dinheiro, associação criminosa, entre outros delitos. Ele não foi preso devido
o foro privilegiado como deputado.
Mas em dezembro de 2018, Saulo foi preso em outra operação que investigava esquema de corrupção passiva e violação de sigilo funcional com o fornecimento de informação privilegiada de dentro do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Ele havia acabado de ser eleito deputado e por pouco não viu tudo desmoronar.
Saques de elevadas quantias em espécie, à margem do Sistema Financeiro,
foram identificados pela PF.
Em 2020, a Polícia Federal informou que a empresa vencedora da
licitação em Presidente Figueiredo subcontratou, de maneira integral, os
serviços de transporte escolar. Na ocasião, faturou R$ 12,9 milhões e
gerou um superfaturamento por sobrepreço no serviço de R$ 4 milhões.
Saulo sempre negou tudo e diz que sempre “está à disposição para
colaborar e que nenhuma acusação foi comprovada. Afirma que uma de suas
atribuições como deputado é fiscalizar a aplicação do dinheiro público e que
tem sido vigilante nessa função, atuando em defesa dos cidadãos.”
CACHOEIRA LIMPA
Ainda em 2021 Saullo se viu em problemas com o MP, que realizou a operação
“Cachoeira Limpa”. Figuram entre os alvos da operação “cachoeira limpa”,
além do Deputado Estadual Saullo Velame Viana, o ex-prefeito Romeiro, o
ex-vice-prefeito municipal – Mário Jorge Bulbol Abrahão; o então Secretário
Municipal de Finança de Presidente Figueiredo – Jander de Melo Lobato; o então
Presidente da Comissão Permanente de Licitação – Jender de Melo Lobato, entre
outros servidores públicos, bem como vários empresários que, mediante ajuste
prévio, combinaram frustrar ou fraudar, o caráter competitivo de vários
procedimentos licitatório, com o intuito de enriquecer ilicitamente, em
prejuízo ao erário municipal e dos princípios norteados na Lei de Licitação
(Lei 8.666/93).
“Para dissimular o desvio do dinheiro público, os integrantes da ORCRIM
instituíram ou adquiriram na cidade de Manaus/AM, diversas pessoas jurídicas,
as quais são FATICAMENTE controladas pelo Deputado Estadual SAULO VELLAME VIANA, na época cunhado do senhor MÁRIO ABRHAÃO, quem se valeu de interpostas pessoas (laranjas) para a constituição do quadro societário.”, diz o MP.
O Ministério Público requereu ainda a prisão do Deputado Estadual Saullo
Velame Viana, do ex-prefeito, do ex-vice-prefeito, do Secretário Municipal de
Finanças, do Presidente da CPLs e dos empresários Rosedilse de Souza Dantas,
sócia da empresa RAV Construções e Transporte, atual INCAS Construções; Márcio Frota Barroso, sócio da empresa Engefort Construções, atual Diretriz
Engenharia; Paulo Sampaio da Silva, sócio da empresa Amsterdam/SVX Serviços, atual Porto Serviços Profissionais, da qual o Deputado Saullo Viana atuava procurador, em substituição a sua genitora (Célia Viana), entre outros.
Ministério Público também requereu o afastamento do cargo do Deputado Estadual, mas a justiça negou os pedidos.
Os relatórios financeiros obtidos a partir da medida cautelar de quebra do
sigilo bancário deferida pela justiça revelam relação financeira suspeita entre
as empresas que participaram dos mesmos certames licitatórios em Presidente
Figueiredo, aponta parecer uma conta única, onde umas pagam as contas das
outras e, não só, todas elas pagam as contas pessoas do Deputado Saullo Viana e de sua genitora.
A organização criminosa teve início na cidade de Parintins no ano de 2010 e
já foi capaz de eleger um Deputado Estadual e um Vereador na cidade de
Manaus.
PEIXE SUSPEITO
A última polêmica envolvendo o nome do deputado foi a distribuição de peixe
na Semana Santa. A oposição afirma que o alimento seria destinado às famílias
pobres de Manaus, mas estariam sendo distribuídos perto do comitê do
pré-candidato à reeleição.
Saulo disse que a acusação é “falsa” e obra dos políticos de oposição.
OUTRO LADO
Além de negar todas as acusações sobre as denúncias descritas neste matéria,
o deputado Saullo Vianna apresentou à nossa reportagem um balanço dos seus três anos de gestão que publicamos agora. Ele afirma ter trabalhado e continuar trabalhando pelo Amazonas, e garante que cumpre seu papel para o qual foi eleito.
Para acompanhar o mandato do parlamentar acesse o link com as realizações
dele, clique aqui.