Dois anos após denúncia do Comitê do Amazonas de Combate à Corrupção sobre um suposto abuso de poder econômico, o deputado Cabo Maciel (PL), aliado da base bolsonarista do Amazonas, está em busca de votos para a reeleição. Ele é mais um personagem da série Raio-X da política, que levanta os dados dos parlamentares do AM em busca de votos.
A denúncia realizada junto à Coordenadoria do Centro de Apoio Operacional às Promotorias Eleitorais (CAOPE) do Ministério Público do Estado do Amazonas – MPE/AM, afirma que o parlamentar cometeu o crime em escolas da rede municipal de Itacoatiara, em 2020.
Na época ele era candidato a vice-prefeito, empreitada que não deu certo. Maciel apareceu nas escolas com cestas básicas, “com o nítido propósito de promoção pessoal, fato que desrespeita o princípio da impessoalidade na execução do programa custeado com verba pública”, afirma o Comitê.
As imagens foram anexadas à representação, que pede a apuração de possíveis ilícitos citando então o artigo 73 da Lei 9.504/97 no artigo 22 da Lei Complementar 64/1990, assim como, avaliar o pedido de Ação Investigação Judicial Eleitoral para identificar o cometimento de possíveis crimes eleitorais pelo parlamentar, denunciado por usar o “kit de merenda escolar” para fazer campanha.
Ele nega: “Faz-se necessário alguns esclarecimentos para reposição da verdade dos fatos, senão vejamos: No dia 15 de junho do corrente, estive presente em algumas escolas da rede estadual de educação de Itacoatiara/AM, na condição de Membro da Comissão Permanente de Educação da ALEAM e representante legal da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALEAM), antes do início do evento de entrega do programa ‘Merenda em Casa’, promovida pela Secretaria de Estado da Educação do Amazonas, com exclusivo intuito de fiscalizar a realização do programa de acordo com as orientações expedidas pela SEDUC/AM e as medidas de prevenção recomendadas pelas autoridades e órgãos da área da saúde e sanitária.
Sendo assim, após me certificar do cumprimento das providências necessárias junto aos responsáveis, retirei-me do ambiente escolar bem antes da abertura do evento sem haver participado da solenidade de entrega dos kits de merenda escolar, bem como não haver promovido a entrega de quaisquer bens ou objetos, inclusive não tendo contato com o público destinatário em decorrência do horário.
Não passam, portanto, as imputações de ilações precipitadas e inverídicas provenientes de denúncias apócrifas formuladas por pessoas inescrupulosas ligadas a grupos políticos em colapso que almejam a tomada do poder por meio da propagação de Fakesnews para denegrir a imagem de pessoas comprometidas com escopo de prejudicá-las, visando exclusivamente as eleições municipais vindouras, o que será devidamente demonstrado quando instado a prestar maiores esclarecimentos perante as autoridades competentes e, por via de consequência a exemplar responsabilização dos detratores, na forma da lei.
Por oportuno, desde já me coloco a disposição do Centro de Apoio Operacional às Promotorias Eleitorais (CAOPE) do Ministério Público do Estado do Amazonas – MPE/AM, do Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas e dos demais órgãos de controle do Estado do Amazonas para prestar todos os esclarecimentos necessários, bem como tranquilizar a todos os meus familiares, amigos e apoiadores na certeza de que a verdade sempre prevalecerá, e ainda reafirmar o meu compromisso com toda a sociedade do Estado, em especial a população dos interiores do Amazonas”.
POLÊMICA COM GARIMPEIROS
Cabo Maciel voltou a berlinda este ano na Aleam, ao subir na Tribuna para defender um tema polêmico: extrativismo mineral de forma “artesanal e legalizada”
Maciel afirmou que na região Sul do Amazonas, 30% da economia dos municípios vem da extração do minério, sem levar em conta os danos ambientais e as denúncias dos órgãos fiscalizadores.
“Ali atende milhares de famílias. Esse é um fato. No sul do Amazonas, a extração de forma artesanal tinha que ser trabalhada para ser legalizada. Respeitando o meio ambiente, botando normas, regras, fiscalização para que aquele povo do sul do Amazonas ou de onde se extrai o minério, possa de forma sustentável manter as suas famílias”, disse o deputado.
O parlamentar citou as cidades de Manicoré, Novo Aripuanã, Humaitá e a região do Madeira, como Borba e Nova Olinda. “Concordo com a audiência pública, concordo que a gente possa tomar a frente disso e tornar o debate mais aquecido, buscando soluções e dando ideias”, afirmou o deputado, sem apresentar alternativas.
“Mas aí eu vejo os municípios de Japurá e Apuí e é brutal. Lá ninguém extrai com balcinha, não. São dragas de R$6, R$8 milhões. O Amazonas não fica com R$ 1 e o povo do município passando fome. Alguém está ganhando muito e os muitos que eram para ser beneficiados não ganham nada. Aí sim, a gente precisa aquecer o debate. Porque tem poucos ficando podre de rico e tem muitos passando fome naquela região”, criticou, sem levar em consideração os danos as águas, floresta e meio ambiente, ou defender as ações da Polícia Federal.
O parlamentar disse ainda que os narcotraficantes causam terror nesses locais e que o povo não ganha nada com isso. “Nós, enquanto poder público, temos que buscar a solução através do debate junto ao governo do estado, junto ao governo federal para que a gente traga uma solução para esse extrativismo mineral de forma artesanal e legalizada”, sugeriu, sem dar nenhuma solução prática.
Cabo Maciel disputa a eleição com um grupo de bolsonaristas do partido do presidente, defensor ferrenho do garimpo na região. Ele, Delegado Péricles, Therezinha Ruiz e Tony Medeiros, na Aleam, assim como Alberto Neto, que permanecer na Câmara Federal.
A legenda espera eleger ao menos um na Aleam.