A influenciadora digital Lorraine Bauer Romeiro, 19, que ficou conhecido como a “Gatinha da Cracolândia” e que está presa há quatro meses por integrar um grupo de tráfico de drogas naquela região disse que em depoimento que era envolvida no crime, mas que não comandava a comercialização de entorpecentes no local.
O depoimento dela foi feito na última sexta-feira (19). Durante a sessão, Lorraine disse que foi ameaçada de morte e que um policial teria forjado o flagrante dela, colocando drogas que não pertenciam a ela. A jovem foi apontada pela Polícia Civil como a responsável pela administração da venda de drogas na maior feira livre da capital paulista e segundo as investigações, tinha um lucro diário de R$ 6 mil.
Em audiência virtual na 13ª Vara Criminal do Fórum de Barra Funda, zona oeste de São Paulo, Lorraine admitiu ter repassado crack aos usuários na Cracolândia e confirmou participação na contabilidade do dinheiro encontrado com a venda da droga na tenda supostamente administrada por André Luiz Santos de Almeida, ex-namorado dela e também preso sob suspeita de fazer parte do tráfico.
“Quando chegava lá [na Cracolândia], já estava tudo pronto. Uma barraca dele, com as coisas dele. Mas nunca fui por dentro dessas coisas [das informações sobre a chegada de drogas ao local] (…). Nas vezes que ajudei ele, ajudei a contar dinheiro. E, às vezes, eu só entregava a pedra nas mãos dos usuários “, disse.
Em seguida, disse ter se disseminado com o tráfico por influência do namorado. “No começo, foi só para fazer companhia mesmo, para conhecer. Mas, infelizmente, fui cabeça fraca, né? E acabei me envolvendo também”, contou.
Dia da prisão
Lorraine disse ainda ter sido surpreendida por policiais civis na manhã de 22 de julho deste ano, quando estava com a filha no colo em um conjunto de casas da família do ex-namorado em Barueri, região metropolitana de São Paulo. Na época, ela já cumpria prisão domiciliar por tráfico.
Eles ficavam gritando: ‘Cadê as drogas? Cadê o dinheiro? ‘. Pedi para ligar pra minha mãe, porque não deixo a minha filha com mais ninguém. Eles não aprovam. [Um policial] puxou o celular da minha mão, tirou a minha filha do meu colo e deu para a avó do André. Aí, me algemaram e me colocaram no porta-malas da viatura”, disse.
Questionada na audiência, a influenciadora digital disse ter sido levada de viatura de Barueri até a Cracolândia, na região central de São Paulo, a cerca de 25 km dali.
“Não falei absolutamente nada para eles. Mas continuaram fazendo um monte de pergunta. Não sabia o que falar, não sabia o que responder. Estava com medo. Aí um falou deles: ‘Vamos dar uma voltinha para ver se refresca a memória dela’ “, relembra.
Em seguida, Lorraine contou que a viatura parou próximo à feira livre de drogas no centro da capital paulista. Foi quando disse ter sido retirado do porta-malas e conduzida ao banco traseiro da viatura. Ela negou que as drogas apreendidas em uma mochila escondida dentro de uma pensão na Cracolândia fosse dela. E disse só ter conhecimento da acusação quando foi chamada para prestar depoimento, já na delegacia.
O momento em que Lorraine estava com os agentes na Cracolândia foi registrado em um dos vídeos anexados à investigação. Segundo a Polícia Civil, revela o momento em que ela indicou o paradeiro das drogas.
“Ô, Lorraine. Como é a frente do hotel, meu?”, Um dos policiais envolvidos na ação, que registrou o diálogo enquanto estava ao volante.
“Você está gravando, moço?”, Questiona Lorraine, no banco traseiro da viatura.
“Quero gravar o que você me falou. Qual que é o hotel?”, Insiste o agente.
“Não sei, é aquele laranja ali. Eles sempre entram para lá e para cá, moço.”
Perfil desativado
O perfil de Lorraine no Instagram foi reativado pela família dela dias após a prisão da digital influencer. Na ocasião, ela chagou a ter mais de 50 mil seguidores. Atualmente a conta está inativa.