Um grupo de pessoas esperava na porta de um supermercado que o lixo fosse colocado na calçada, no bairro Caiçara, na Região Noroeste de Belo Horizonte. Os caixotes são rapidamente cercados por homens e mulheres em busca de algo para aproveitar.
“Dá para selecionar. Tem muita coisa boa que a gente pega. Sou aposentada, mas o salário não dá”, disse Selma Natividade Ferreira.
“Eu pego melancia porque dão, volto em casa. Tomo banho, janto, vejo novela e volto para cá às onze da noite. Eu espero o caminhão até às 3h”, contou a aposentada.
Com a chegada do caminhão de lixo, a busca pela comida começa.
“Dói ver né? A gente chega a selecionar lá dentro o que dá para deixar eles pegarem. A situação está difícil para todo mundo e a gente tem que entender a situação”, falou o coletor Leandro dos Santos Jesus.
Hortaliças e frutas são escolhidas com cuidado em em meio ao lixo. Muitas famílias só têm esta opção para se alimentar.
“Vergonha é roubar, pedir e esperar, não é vergonha. É a forma de colocar fruta, verdura e legumes na mesa lá de casa. Já teve dia de eu voltar sem nada para casa”, disse a empregada doméstica Maria Clívia Vasconcelos Sousa, mãe de duas filhas.
Segundo a prefeitura, cerca de 68 mil famílias de Belo Horizonte sobrevivem com menos de R$ 89 por pessoa mensalmente, segundo a prefeitura. Outras 16 mil, tem renda per capita mensal entre R$ 89,01 e R$ 178.
De janeiro a abril deste ano, cerca de 10 mil pessoas cruzaram a linha da pobreza ou da pobreza extrema.