O delegado de polícia, Carlos Alberto da Cunha, conhecido nas redes sociais como “Da Cunha”, é alvo do Ministério Público de São Paulo, por suspeita de improbidade administrativa e enriquecimento ilícito. Ele teria forjado operações policiais, inclusive a prisão de um suposto líder da facção PCC, que atua em São Paulo. As ações foram reveladas pela Folha de São Paulo, nessa quarta-feira (22).
Todas as operações e prisões eram transmitidas pelo canal do delegado no Youtube. Um dos vídeos de maior destaque é um que ele aparece invadindo um barraco na favela Nhocuné, que seria um cativeiro de uma pessoa sequestrada e que seria submetido ao “tribunal do crime”.
Nas imagens ele aparece liberando a vítima e prendendo o suspeito, no entanto, policiais que participaram a operação disseram que tudo não passou de uma encenação. A vítima, que realmente teria sido sequestrada, e que já tinha sido libertada minutos antes, informou eu o delegado ordenou que ele entrasse no cativeiro de novo para que tudo fosse filmado.
Os depoimentos da vítima e de policiais fazem parte do inquérito da Promotoria que apura suposto enriquecimento ilícito do delegado. Promotores procuram descobrir se Da Cunha aproveitou da corporação para monetizar vídeos das operações, o que seria ilegal.
O delegado foi procurado pelo jornal para contar sua versão dos fatos, mas, até o momento, ainda não respondeu.
Afastado
Da Cunha está afastado da corporação desde julho deste ano, após abertura de procedimentos pela Corregedoria. Em seguida, pediu licença sem vencimento e filou-se ao MDB para disputar um cargo como governador.
De acordo com o então braço-direito de Da Cunha na equipe (Cerco), o delegado Denis Ramos de Carvalho, o delegado-celebridade praticamente só comparecia ao trabalho nos dias de operações para realizar a filmagem.
Prisão de suposto chefe do PCC
A ação que rendeu mais visualizações ao canal de Da Cunha, foi o da prisão de um suposto chefe do PCC, que também é mentira. Em abril de 2020, um suspeito chamado Wislan Ramos Ferreira, 29, foi preso, mas, segundo a polícia, não se tratava do Jagunço do Savoy.
O investigador da PC diz que os policiais do Deic já identificaram quem é o Jagunço do Savoy: um homem de 33 anos (nome mantido em sigilo) que continua em liberdade e que não tem nenhuma ligação com o suspeito preso por Da Cunha.