Depoimentos prestados à Polícia Civil nesta quinta-feira (11) reforçaram a suspeita de erro grave no atendimento ao menino Benício Xavier, de 6 anos, no Hospital Santa Júlia. A coordenadora da UTI pediátrica, Ana Rosa Pedreira Varela, afirmou que a criança recebeu uma quantidade de adrenalina cerca de 15 vezes superior ao recomendado, o que provocou danos severos em órgãos vitais e levou à morte em 23 de novembro.
A médica relatou que, mesmo tendo chegado ao hospital andando e com um quadro de laringite, Benício recebeu 3 ml de adrenalina diretamente na veia, dose considerada excessiva até mesmo para um adulto com parada cardiorrespiratória. Outros profissionais confirmaram que havia falha na disponibilidade de equipamentos essenciais para atendimento pediátrico, o que dificultou a atuação das equipes durante a emergência.
A investigação aponta a médica Juliana Brasil Santos, responsável pela prescrição, e a técnica de enfermagem Raiza Bentes, que aplicou a medicação sem diluição, como principais suspeitas. Ambas foram ouvidas e apresentaram versões diferentes sobre o ocorrido. O caso é tratado como homicídio, e a Polícia Civil analisa documentos, prontuários e o sistema eletrônico do hospital, que teria apresentado divergências na impressão da prescrição.
Além da dose aplicada, novos relatos indicam que parte da equipe de enfermagem guardou a prescrição original por medo de que o documento fosse alterado após o erro. Enquanto isso, o Tribunal de Justiça avalia se mantém o habeas corpus preventivo concedido à médica. A família de Benício segue cobrando responsabilização, afirmando que o menino apresentou piora imediata após a primeira aplicação da adrenalina. O hospital informou que afastou duas profissionais e abriu investigação interna.


