Conduzido coercitivamente após faltar a depoimentos anteriores, o ex-coordenador-geral de Pagamentos de Benefícios do INSS e ex-vereador de Manacapuru, Jucimar Fonseca da Silva, prestou esclarecimentos à CPMI do INSS nesta segunda-feira (1º). Ele é investigado por apoiar a liberação de descontos associativos em massa na folha de aposentados e pensionistas, apesar de parecer contrário do Ministério Público.
Jucimar, afastado do cargo pela Operação Sem Desconto, negou ter recebido propina, ter sido indicado politicamente e ter autorizado pagamentos a entidades, alegando que apenas emitia pareceres técnicos sem poder decisório. Entre 2022 e 2024, período em que atuou na área, os descontos associativos saltaram de R$ 800 milhões para R$ 3,5 bilhões, e os acordos de cooperação técnica passaram de 16 para 40, segundo o relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL).
Gaspar acusou a Conafer de integrar organização criminosa que lesou aposentados e disse que Jucimar perdeu a chance de bloquear descontos suspeitos da entidade. O ex-coordenador confirmou ter assinado a nota técnica que permitiu o desbloqueio de repasses milionários à Contag, também investigada, mas afirmou que agiu dentro das normas do INSS.
Parlamentares contestaram suas justificativas. O presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), e outros membros sustentaram que Jucimar tinha obrigação de impedir os descontos, já sob suspeita à época. O senador Izalci Lucas (PL-DF) questionou a lisura dos processos e sugeriu conivência. Já o senador Marcio Bittar (PL-AC) exibiu relatos de vítimas da fraude e atribuiu as irregularidades a uma atuação “ideológica” de grupos organizados.


