Foi enterrado nesta segunda-feira (1), no Cemitério do Cristo em João Pessoa, o corpo de Gerson de Melo Machado, de 19 anos, mais conhecido como “Vaqueirinho”, morto após invadir a jaula de uma leoa no zoológico da cidade. Apenas sua mãe, Maria da Penha Machado, que perdeu a guarda dele há mais de dez anos e uma prima acompanharam o enterro.
O jovem faleceu no domingo ao escalar as proteções do Parque Zoobotânico Arruda Câmara e cair dentro do espaço dos leões. Atacado pela leoa Leona, ele sofreu mordidas no pescoço e morreu por choque hemorrágico. O caso motivou uma apuração sobre a segurança do local.
Gerson teve uma infância marcada pelo abandono. Sua mãe, com esquizofrenia, perdeu a guarda dos filhos. A avó também sofria da mesma doença. Enquanto seus irmãos foram adotados, ele foi rejeitado repetidamente por famílias devido a seus transtornos mentais.
Após fugir de abrigos, viveu longos períodos nas ruas, mendigando e dormindo em praças. Foi diagnosticado tardiamente com esquizofrenia, doença que afeta a percepção da realidade. Aos 18 anos, foi considerado inimputável pela Justiça após ser preso diversas vezes.
Em um episódio simbólico, invadiu o trem de pouso de um avião, tentando ir à África, onde acreditava que seria domador de leões e encontraria aceitação.
Dois dias antes de morrer, procurou o Conselho Tutelar para tentar conseguir documentos e trabalho. Em todos que conseguiu anteriormente, não permanecia devido à doença. Nas ruas e com fome, ele praticava pequenos furtos para se alimentar e dizia aos policiais que preferia ficar preso onde tinha comida e abrigo.
Seu prontuário, com centenas de páginas, registra uma vida de tentativas fracassadas de acolhimento, agravadas pela doença mental e pela fragilidade das redes de apoio, que não ajudaram o rapaz.


