Em entrevista neste sábado (31), Marisa Rodrigues, mãe da adolescente Maria Victória Rodrigues dos Santos, de 15 anos — grávida de cinco meses quando foi assassinada em março —, contou que seu então companheiro, Ramon Silva Gomes, padrasto da vítima, tinha o hábito de sair sozinho com a jovem. Ramon foi preso na sexta-feira (30) como principal suspeito do crime que aconteceu em Itaueira, no Sul do Piauí.
Horas antes do crime, Marisa ainda sentiu o neto, Isaac, mexer na barriga da filha. “Ela disse: ‘Mãe, corre aqui que Isaac tá pulando’. Fui lá, peguei na barriga dela, e o neném parou de mexer. Eu brinquei: ‘Eita, que tu não mexe com vovó, hein?'”, relembrou a mãe, em entrevista ao Bom Dia Piauí.
O crime
Na noite de 24 de março, Marisa saiu por volta das 19h para a catequese e deixou a filha deitada numa rede. Ao voltar, uma hora depois, encontrou a porta da casa aberta. Pensou que Maria Victória pudesse ter saído com o padrasto, mas, ao não encontrá-la e sem resposta no celular, decidiu procurá-la. Foi quando entrou no próprio quarto e se deparou com a filha caída, ensanguentada e sem vida.
“Tentei reanimá-la, mas vi que ela estava morta. Aí parei. Não pude fazer mais nada”, desabafou Marisa, que preferiu não comentar a prisão do companheiro.
Ramon foi preso na manhã de sexta-feira (30) após a Polícia Civil do Piauí (PCPI) identificar inconsistências em seu depoimento. O delegado João Ênio, titular da Delegacia de Itaueira, afirmou que há “dados irrefutáveis” colocando Ramon no local do crime no momento do assassinato — o que contraria sua versão de que estaria na casa dos pais, na localidade Pintada.
“A versão dele não se sustenta”, disse o delegado.
Maria Victória foi encontrada com perfurações no tórax, inchaços no rosto e pescoço e hematomas no braço. Seu corpo foi exumado em 10 de abril para coleta de novas provas. Um celular da adolescente e uma faca, relatada por familiares como possivelmente envolvida no crime, nunca foram encontrados.
Inicialmente, o ex-namorado da vítima e pai do bebê foi considerado principal suspeito, mas foi descartado em 26 de março. Agora, as investigações concentram-se em Ramon, que aguarda julgamento.